Quando se é jovem, vê-se o mundo sobre lentes coloridas,
acreditando em contos de fadas, príncipes e princesas, almas gêmeas e, principalmente,
acredita-se no amor verdadeiro, aquele que ouvimos falar desde pequeno. Aquele
amor que lemos nos livros e vimos nas telenovelas, com finais felizes.
A juventude é a idade da inocência, uma idade em que ainda
não se percebeu que o amor é como uma lenda que se ouve contar, mas são poucos
que têm capacidade para amar, porém todos querem encontrar, porque ouviram
falar, mal sabendo que a maioria fala do que nunca sentiu e aumenta sua
grandeza ao repassar.
Na busca incessante pelo amor, a maioria acredita que
encontrou o amor quando conhece alguém interessante, que faz coração bater
acelerado, faz o sangue pulsar nas veias, sente atração física e acredita que
está apaixonado. Então realizam o sonho de todos os apaixonados, casam-se,
acreditando que serão felizes para sempre, como nos livros e filmes.
Mal sabendo que na maioria dos casos, o casamento é o começo
do fim, porque só se descobre se o amor é verdadeiro, depois de casados, e se
conseguirem manter a chama acesa diante das dificuldades que todos os casais
enfrentam até se adaptar a convivência conjugal, porque haverá diferenças para
ajustar, obstáculos para ultrapassar e defeitos para relevar. Afinal, só se
percebe os defeitos de outra pessoa, quando se passa a conviver diariamente com
ela. E são poucos os que conseguem manter a chama acesa diante da rotina e das
dificuldades do casamento.
A maioria, quando os problemas entram pela porta, o amor
pula pela janela. Então se separam e prosseguem com a busca incessante pelo
amor verdadeiro. Alguns nem percebem que já encontraram o amor, mas o perderam
em meio às crises e o próprio egoísmo. Porém, a grande maioria, procura o amor
sem nem mesmo saber direito o que é, só querem encontrá-lo, porque ouviram
falar, e ficam sempre atento, mantendo os olhos abertos para poder enxergar,
mal sabendo que o amor não se procura com os olhos, mas sim com o coração.
Só terá capacidade para reconhecer o amor, quando encontrá-lo,
aquele que consegue enxergar a beleza que não pode ser tocada, nem apalpada.
Aquele que adora a luz do dia, mas se encanta com o brilho das estrelas
dançando ao redor da Lua. Aquele que gosta de se aquecer ao Sol, mas também se
diverte dançando na chuva. Aquele que prefere calmaria, mas consegue enxergar
beleza selvagem nas tempestades, o espetáculo da natureza que ao se afastar
deixa um arco com as mais lindas cores em seu lugar.
O ser humano age com o amor, assim como tolo que deixa de
apreciar a beleza do arco-íris, para ir à busca de sua nascente, tentando
tocá-lo com as mãos, mal sabendo que a visão ilude, e quando pensa que está
perto, descobre que ele está em outra direção.
Já o sábio, esse consegue perceber que a beleza não está no
brilho e nem nas cores, mas, sim na magia e no mistério, que por não estar ao
alcance das mãos, ainda não foi destruído pelo homem com sua tendência em
destruir tudo o que está ao seu alcance.
Terá capacidade para reconhecer o amor, aquele que tiver
sensibilidade para enxergar além da aparência física, porque o amor verdadeiro
se encontra na alma e no coração do ser humano, um lugar onde a maioria nem
procura, porque não pode ser visto ou apalpado, por isso, seguem agindo feito
tolos, iludidos pela própria visão.